Soneto

 

Canta pra mim
um sol maior,
um solo qualquer,
um bleu;
um céu destes instantes
de aplausos nus,
ao son sombrio
e assobios que nada diz.

 

Canta pra mim
em alto ton,
de dó me ensaia,
pois de ouvir tanto
nada aprendi,
nada me diz a música
que de mim inspira
lágrimas...

 

Canta pra mim
enquanto abraças teu violino,
deixa soprar baixinho,
o shou ainda vai começar,
toca, meu coração se exalta;
não me importa que me interprete,
seu chão é só cera,
ao menos acena pra mim.         

 

Canta pra mim
antes que a luz se apague,
meus olhos te querem sol!
não te faças mudo,
a vida é real,
e eu nada aprendi,
nada me diz este rítimo
de cores bleu
dos teus olhos.  

 

Silvio R. Tomas